Ao contrário da Romana, não gosta que o tratem por bebé fora de casa. Faz sempre questão de demonstrar a identidade quando é chamado assim por alguém:
“Não sou bebé, sou o Biel.”
Cresceu imenso a cria e quase sem se dar conta, conhece mais palavras que um rinoceronte, imita pinguins e macacos com alguma naturalidade e até, imagine-se, chama a atenção para o asneiredo que, por algum infortúnio da linguagem e de encadeamento de raciocínio, acaba por sair:
“Não diz meda pai, não diz, não não!”
E assim ficamos. Um Euro para o mealheiro do puto sempre que alguém se descuida e perde o tento na língua. A mãe, coitada, começa a duvidar da capacidade de se chegar ao fim do mês com algum na carteira, não só porque a crise está como está, mas porque o mealheiro parece pequeno para as moedas que, amiúde, lá entram:
“Temos de comprar um porco maior e, se calhar, não era má ideia baixarmos o valor do imposto sobre a asneira se não, qualquer dia, nem dinheiro temos para os iogurtes.”
Em casa gosta de ser a cria de sempre, remetendo para o esquecimento o desejo demonstrado fora de portas em ser tratado pelo seu próprio nome. Encolhe-se como um camarão nos braços do pai e da mãe, pede a chucha quando o mundo o deprime, adora que lhe dêem a sopa à boca e de manhã não descarta receber na cama o leitinho no biberon.
Para estas pequenas coisas do seu quotidiano não se importa de ser bebé. Julgo que se trata duma crise de identidade. Quer ser uma criança sim, mas também tem dificuldade em deixar para trás as regalias dum recém-nascido.
Mas, embora me custe muito como pai viver este drama, a verdade é que o meu pequenote cresceu. Vou ter saudades dos chorinhos e das suas parvoíces de cria desamparada. Sei que ele já é um rapazinho porque no outro o dia o vi a desenhar-me e quando olhei para a folha estava lá isto. Um Bebé, como se sabe, não desenha assim e fiquei com um vazio no peito.
“Não sou bebé, sou o Biel.”
Cresceu imenso a cria e quase sem se dar conta, conhece mais palavras que um rinoceronte, imita pinguins e macacos com alguma naturalidade e até, imagine-se, chama a atenção para o asneiredo que, por algum infortúnio da linguagem e de encadeamento de raciocínio, acaba por sair:
“Não diz meda pai, não diz, não não!”
E assim ficamos. Um Euro para o mealheiro do puto sempre que alguém se descuida e perde o tento na língua. A mãe, coitada, começa a duvidar da capacidade de se chegar ao fim do mês com algum na carteira, não só porque a crise está como está, mas porque o mealheiro parece pequeno para as moedas que, amiúde, lá entram:
“Temos de comprar um porco maior e, se calhar, não era má ideia baixarmos o valor do imposto sobre a asneira se não, qualquer dia, nem dinheiro temos para os iogurtes.”
Em casa gosta de ser a cria de sempre, remetendo para o esquecimento o desejo demonstrado fora de portas em ser tratado pelo seu próprio nome. Encolhe-se como um camarão nos braços do pai e da mãe, pede a chucha quando o mundo o deprime, adora que lhe dêem a sopa à boca e de manhã não descarta receber na cama o leitinho no biberon.
Para estas pequenas coisas do seu quotidiano não se importa de ser bebé. Julgo que se trata duma crise de identidade. Quer ser uma criança sim, mas também tem dificuldade em deixar para trás as regalias dum recém-nascido.
Mas, embora me custe muito como pai viver este drama, a verdade é que o meu pequenote cresceu. Vou ter saudades dos chorinhos e das suas parvoíces de cria desamparada. Sei que ele já é um rapazinho porque no outro o dia o vi a desenhar-me e quando olhei para a folha estava lá isto. Um Bebé, como se sabe, não desenha assim e fiquei com um vazio no peito.
2 comentários:
Também tenho cada vez mais essa sensação de algum vazio e nostalgia porque também vejo que o meu bebé já é um menino!
Olá. Eu não costumo comentar, apesar de seguir o vosso blogue há muito tempo. Mas hoje não resisti... é que eu descobri este blogue quando nasceu o meu Gabriel, que vai fazer 3 anos na próxima semana. E o que descreves neste post é... o meu Gabriel!!! :) Duas pequenas diferenças: o meu chucha no dedo e já não bebe o leite no biberon porque a mãe (eu, portanto) meteu na cabeça que lho devia tirar (big, huge mistake: o leite passou a ser uma guerra...).
Ana Ramalho
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