Em conversa com o marido ontem sobre conhecidos nossos que vivem noutras partes, chegámos à conclusão de que muito boa gente acha que a linha de Cascais é pavimentada a ouro, um sítio onde se come caviar ao pequeno-almoço e as pessoas andam com o nariz a 45 graus para cima. Por assim dizer, um Estoril que vai de Oeiras a Cascais.
Ó senhores, a linha é isso mesmo, uma linha de comboio com várias localidades e bairros. Aqui no meu, por exemplo, há brazucas, africanos, ciganos, Pingo Doce, frango assado, Multibanco fora de serviço, cafés malcheirosos e cafés melhorzinhos, autocarros, liceus. Ao fundo da rua, imaginem lá, há um PCP cheio de velhos comunas. As IPPS não têm vagas. Trancamos as portas à noite. Soa familiar? Pois.
Acho imensa piada a quem não entende por que raio eu e o Hugo preferimos dar por um apartamento velho aqui o que compraria um novo, vá, na margem sul. A isso, respondemos: pelos prédios baixos que não nos aprisionam numa selva de betão, pelos muitos parques, pelo mar que acompanha o comboio e espreita aqui da minha janela do rés-do-chão. Sim, a linha tem qualquer coisa especial e não me imagino a viver noutro subúrbio (daqui só sairia para o centro de Lisboa). Não sei dizer o que é.
Mas de certeza que não é a fala nasalisada e o tratarem-se todos por você que a malta julga. Perguntem ali aos velhos comunas do PCP em frente aos bombeiros, eles hão-de dar uma resposta boa.
13 comentários:
Giro, giro é ver quem se proclama 'Menino da Linha' só porque vive nos concelhos de Oeiras ou Cascais. É como se eu viesse para aqui dizer que vivo num palacete do Campo Pequeno com jardim interior, quando vivo num R/C sombrio e o meu quarto tem vista para um saguão com fungos.
Confesso que por muito patuscas que certas zonas me pareçam, há uma ou duas coisas que matam o charme todo... sendo que a principal são ciganos. Peço imensa desculpa pela generalização, mas em todos os sítios em que trabalhei tive más experiências com ciganos e criei uma espécie de preconceito que não consigo ultrapassar... Estejam eles na Linha, em Alguidares de Baixo ou em No centro de Paris, se puder, não chego nem perto...
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A linha está tão, ou mais chunga do que qualquer outra zona do país. Tirando a pastelaria Garret, onde ainda se comem palmiers e bolas de Berlim com garfo e faca, nada temam, é tudo a mesma merda :)
Os meus ciganos são fixes :D Fazem churrascadas na garagem.
supé bem.
Porém, só em Cascais os nativos falam 90% pelo nariz e 10% pela boca.
Melissinha ou na linha existem muitos quartéis de bombeiros que em frente têm uma tasca de comunas ou vivemos, tu e eu, paredes meias :)
Não é em Cascais, Cascais é terra de pescadores. É no Estoril - o dinheiro e as peneiras estão mesmo no Estoril. Há algum dinheiro em Cascais, sim, mas nada que se compare aos casarões da malta que vai comer bolas de berlim com garfo e faca na Garrett que a Cê tanto gosta!
Té, isto é uma terra pequena e muito populada :)
Os bolos da Garret fazem com que cague absolutamente para os tios :)
Não me sinto complexada junto da malta que come palmiers de garfo e faca, eles é que têm inveja da forma simples como manuseio uma bola de berlim.
Os verdadeiros tios não me chateiam a ponta de uma cornada. Já os novos ricos com tiques forçados de tios, é outra cantiga.
Melissa, a Quinta da Marinha é em Cascais.
Sim, lá para cima há bués ricalhotos, mas cá em baixo acho normalíssimo. E há autênticos bairros de pescadores, ainda, ali para os lados do J. Pimenta. Curto.
Odeio estar ao pé de tios. Não é complexo, é comichão, desconcentro-me. É o meu grande e derradeiro preconceito.
Mil vezes um café de ciganos. É que mil vezes.
Coitados dos tios. Uns descrminadões, é o que são. Vou fundar um movimento contra a descriminação dessa espécie em vias de extinção. Acho indecentão da tua parte.
Eh pá, quero distância. Quero distância! Cada um no seu quadrado, não há cá misturas.
Isto merece mais um post, mas tenho a curta longa para rabiscar.
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