Há um período na minha vida que considero um pouco como "anos perdidos": andava à procura de mim mesma no Brasil e tudo que consegui foi afastar-me ainda mais de mim, e o resultado, no grande esquema das coisas, não foi bom. O mais provável é nunca vir a elaborar sobre isso aqui, porque 1) é uma época meio nebulosa, para mim, e 2) morreria se algum amigo dessa altura viesse aqui e interpretasse mal o que digo, porque isto não tem que ver com pessoas, tem que ver comigo num período muito difícil da minha adolescência e das minhas relações familiares e 3) acho que magoei pessoas que amo muito e que cá ficaram. Mas adiante, falávamos em anos perdidos.
No grande esquema das coisas, o lucro não foi grande. Diante da encruzilhada, entrei pela direita e mais valia ter ido pela esquerda. Mas aí tropeço numa canção que pode soar a breguice lamechas a qualquer ouvido, mas, para mim, traz todo o perfume dos anos perdidos, e o perfume não é mau. É perfume de sol quente, de dançar e cantar no meio da rua sem pudor, de ônibus lotados, de risos, de cerveja muito gelada e caranguejo, de praia durante todo o ano, de mãe, de tudo que já não existe e que passou.
Os anos perdidos podem não ter sido uma perda completa. Acho que ainda hei de os entender, um dia. Mas hoje não, hoje é só perfume.
11 comentários:
Pode parecer lamechas, mas areepiou-me um bocadinho!
Sabes que eu sou gaja que consumiu muita novela brasileira em nova. Aparte dos danos cerebrais (ahahahah), ou seja, o facto de ser demasiado romântica e ter tido muito trabalho (e dado muita trabalho ao meu marido)pois achava que era tudo muito fácil e cor-de-rosa (p***s das novelas), bem aparte isso, ficaram-me as bandas sonoras... E isto agora chega a ser prejudicial á minha imagem, o R. outro dia ficou chocado pois era o que eu estava a ouvir enquanto trabalhava, altas horas da noite. Mas volta e meia, ainda hoje, passa em repeat na minha cabeça... "No Rancho Fundo" do Chitãozinho & Xororó. AMO! ahahahahahaah (Gralha promete que ainda és minha amiga, ahahahahah)
Pronto, agora estou a ouvir o Rancho Fundo e de lágrimas nos olhos... é mesmo linda...
HAHAHA Vera, o que eu "queimo o meu filme" de pseudointelectual com as músicas que ouço é uma coisa séria. seríssima.
Mas Anjo Querubim é fofo, mesmo.
(Mas Rancho Fundo é demais até para mim, confesso ;))
A sério? E as músicas da Tieta? Tinha a cassete e tudo! E agora vem aí o remake (até tenho medo de ver, banhos para dar, jantar para fazer e eu de avental e espanador na mão, cabelo apanhado, meia branca e chinelo à frente da tv a papar a novela).
Anjo Querubim é giro, sim.
Só não vou expor mais a lista de novelas do género aqui porque, de facto, há uma imagem a manter. Posso só adiantar que durante anos sonhei viver numa chácara, daquelas bem giras, casada com um boiadeiro e cenas assim, ahahahahaah
(Isto é quase terapia, vamos ao fundo do nosso ser, pelo menos de menina, tão giro, pá).
Eu acho que por mais perdidos que possam ser, ganhamos sempre alguma coisa com isso!
teres essa noção de que foram perdidos e que deverias ter tomado outro caminho por si só já é uma descoberta, uma aprendizagem!
Pelo menos ficou-te esta música :)
Rancho Fundo, até a mim me arrepia! Ainda hoje ouço as músicas da Tieta e aquela do Jorge Tadeu!
Ahh, ficaram imensas canções, imensas. Isso, não me tiram.
Mas que cena é esta com o Rancho Fundo? Então mas não é tão, tão linda?!!!!!! :)))
Eu sei que arrepia, mas gosto, pronto!
Entretanto perdi-me (ou encontrei-me?) nas bandas sonoras noveleiras no youtube... que viagem!
Melissinha, eu acho que mesmo quando vamos para o lado errado aprendemos qualquer coisa: quanto mais não seja que não queremos lá voltar! Foi assim que fui fazendo as pazes comigo porque, sinceramente, quem não fez escolhas estranhas?! Fizemo-las, elas fizeram-nos, a nós, um bocadinho e, no final, ficámos uns seres humanos maravilhosos. Nem toda a gente se pode gabar disso, ãh! (Não é que às vezes eu não pense "mas que estupida pá, mas porque é que fui por ali?". Mas se penso nisso é porque aprendi alguma coisa!) O que não nos mata faz-nos mais fortes (o que mesmo assim é chato pois somos gajas em dieta!)
Vera, eu não disse que o Rancho Fundo não era uma música linda... eu quando disse que me dá um arrepio é de pura alegria e prazer de ouvir a música!
Naná! Ah bom!!!!
É muito profunda, mesmo! E tão triste e pronto, gosto! Com esta brincadeira já a ouvi hoje 2524 vezes! Ahahahahah
Ai, Rancho fundo não! :) Menos!
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