Depois de pormos o Gabriel no bengaleiro de crianças do shopping, fomos beber um cafezóide fashion de 90 cêntimos ao Starbucks. Fomos atendidos por uma senhora já bem passada dos cinquenta, com um sotaque fortíssimo de uma região que não identificámos, e lá repetia o texto starbucks que todos os empregados repetem, mas com uma diferença: um sorriso verdadeiramente genuíno (passe o pleonasmo) e uma alegria em mostrar bolos e servir amostras de bebidas coloridas.
"A senhora está mesmo feliz de estar cá", disse eu ao Hugo, depois de uns minutos a vê-la despachar trabalho. "Deve ser o primeiro emprego dela em muito tempo. Ela já devia ter perdido a esperança".
E depois pensámos que era um marketing que funcionava lindamente conosco, este de se, em vez de contratarem putos para darem uma cara jovial à empresa, contratassem senhoras despedidas do setor fabril ou do diabo. O nível de consciência social hoje em dia é outro, todo mundo sabe o que se passa e todo mundo gosta de ver soluções. Sim, eu sei que os jovens precisam de trabalho, mas se para um jovem trabalhar num Starbucks é uma solução de recurso ou um "começar por baixo", para um tipo quase na idade da reforma pode ser um milagre. Um renascimento.
Não sei se era esta a narrativa da senhora contente do Starbucks, mas qualquer outra que me ocorria era igualmente boa e válida. E qualquer uma delas far-me-ia gostar de ver mais senhoras (e senhores) a perguntar-me se quero uma bebida gelada à base de café e uma das nossas queijadas para acompanhar. E far-me-ia voltar, mesmo pagando as cuecas por um café bem ruinzinho.
5 comentários:
Melissa, seja de que idade for a pessoa que me está a atender, basta que seja simpática (e para isso basta um sorriso genuíno) para me conquistar!
Esse marketing funcionaria certamente comigo também!
Também acho que existem pessoas que sabem que isso basta para que os clientes queiram voltar!
completamente de acordo, fast food, ikea, podiam todos fazer isso. Mas wait a minute, vocês deixam mesmo o puto naqueles coisos onde se deixa os putos no CC? conseguem? eu não tenho coragem! pensava que era descontraída mas afinal sou uma atrofiada
Eu deixo! Estão lá monitores, ficam com o telemóvel, etc etc, nunca aconteceu nada, nem um chichi :)
e ele gosta mais de estar lá do que a ver lojas.
Antes de ser marketing era um sinal de inteligência. É estupida esta sociedade em que as pessoas mais velhas - que têm experiência, vontade, saber-fazer e saber-ser, já tudo formadinho - são as que se colocam de lado.
Mas já se sabe que eu sou viciada no saber dos mais velhos... ;)
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