Tinha dez anos quando ele nasceu, desejado durante toda a minha infância, e 13 quando viemos viver em Portugal. Vida de recém-chegados, papai e mamãe trabalhavam o dia inteiro, e era eu, aos 13 anos, que apanhava o autocarro no Alto de Santo Amaro depois das aulas, até ao Calvário, e depois mais um autocarro e mais outro até o infantário na Almirante Reis, apanhava-o com cesto, mochila e o caraças (mais a minha mochila e saco de educação física) e lá íamos nós mais uma hora toda de autocarro até aos Fetais, onde, dependendo do horário da minha mãe, que trabalhava num restaurante, fazia-lhe eu o lanche, dava-lhe banho e jantar.
Durante toda a minha adolescência, fui um bocado mãe dele também, e quando ele próprio chegou à adolescência e perdeu mesmo a mãe... não serei presunçosa a ponto de dizer que calcei as tamancas maternas, mas passei a cuidar ainda mais dele, fiquei ainda mais chata e intrometida.
Pela diferença de idade, demorámos muito a ser amigos, mas sou a protetora dele desde que o vi pela primeira vez quando ele saiu do bloco de partos, o bebé mais feio de sempre - mas só quem podia dizer isso era eu. Quem mais dissesse, levava.
Era o MEU irmão.
No meu irmão, NINGUÉM TOCA.
2 comentários:
Tu és assim, linda em todos os sentidos e mãezona :)
O meu irmão também é quase 9 anos mais novo. Quando se casou, chorei como uma madalena. O meu menino.
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